07 setembro 2006

Franguinho na panela

Tenho o costume de deixar o rádio ligado enquanto escrevo. A música me ajuda a trabalhar melhor. Nem sempre estou prestando atenção no que está tocando, mas a melodia que invade o lugar parece invadir a mim também.

Às vezes, quando não decido o que quero escutar, deixo o rádio ligado em alguma estação. Hoje, enquanto me preparava para escrever, ouvi uma melodia conhecida, aumentei um pouco o volume e lá estava. As vozes que entoavam a canção não eram as mesmas que eu conhecia. Mas a música era a mesma que Moacyr dos Santos e Paraíso escreveram há muito tempo e que Craveiro e Craveirinho gravaram: Franguinho na Panela.

Por um instante a música me fez voltar a ser criança. Quem nasceu onde a terra é mais vermelha, onde a gente acorda escutando passarinho e o céu fica colorido no fim do dia, vai entender o que quero dizer. A comida da roça para mim tem um gosto diferente, gosto de infância.

Cresci numa fazenda no interior de Goiás. Domingo era sinônimo de galinha caipira feita na panela de ferro e fogão a lenha. Com aquele “caldinho” gostoso que a gente misturava no arroz com feijão.
Em dia de festa o almoço saia da varanda e ia para baixo da sete-copas que ficava no quintal. A mesa era improvisada: algumas tábuas sustentadas por dois cavaletes. A gente sentava em volta, nos bancos improvisados também com algumas tábuas e tocos de madeira. Minhas primas vinham da cidade e a gente ficava ali, entre histórias e causos dos mais velhos, rindo das piadas que nem sempre a gente entendia, mas ria mesmo assim.

De vez em quando saia briga na hora de escolher o pedaço de frango na panela. Desde muito pequena, aprendi a brincar com aquele pedaço do frango que tem um osso em formato de "v". Acreditávamos seriamente que quem quebrasse o maior pedaço daquele osso tinha direito a um pedido. A esta altura já não me lembro quais eram os pedidos que eu fazia, mas me lembro da decepção quando perdia o direito de fazê-los.A letra da música que tocava no rádio é muito simples. Simples como foi minha infância. O que me encanta nela, entretanto, é a pureza utilizada para dizer como a vida pode ser intensa, simples e ao mesmo tempo encantadora.

Com pouco mais de seis ou sete anos, eu só precisava de um “franguinho na panela” prá me fazer feliz. E hoje, apenas a lembrança dele fez meu dia ficar muito melhor...

Um comentário:

  1. Olá Dona Maria. Vamos acessar o www.violamineira.blogspot.com e conferir essa nossa Viola Danada! Abraço de violeiro

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