João Pacífico
(Fotos de Costa Rica, Mato Grosso do Sul)
Quando vai chegando a noite
A natureza desmaia
O sereno vem caindo
Na folha da samambaia
Eu vou na biquinha d'água
E tiro o suor do rosto
Esperando a comidinha
Temperada com bom gosto
Chamo a lua pra catinga
Ao som da modinha boa
E misturo a cantoria
Com os bichos da lagoa
Urutau canta doído
Sapo boi marca o compasso
Afinado com o bordão
Da viola nos meus braços
Noite alta vou dormir
Para acordar bem cedinho
Pois não perco a alvorada
E o cantar dos passarinhos
Pra me desejar bom dia
Coroar o meu sossego
Eu recebo a visita Do cuitelinho azulego
MEU CÉU (Xavantinho/ Zé Mulato)
O sertão está dentro da gente e em toda parte.
(João Guimarães Rosa, Grandes Sertões: Veredas)
Fiz meu rancho na beira do rio
Meu amor foi comigo morar
E na rede nas noites de frio
Meu benzinho me abraçava
Pra me agasalhar...
Mas agora, meu bem,
Vou-me embora,
Vou-me embora e não sei
Se vou voltar...
A saudade nas noites de frio
Em meu peito irá se aninhar
A saudade é dor pungente morena
A saudade mata a gente morena
A SAUDADE MATA A GENTE (João de Barro / Antônio Almeida)