18 maio 2012

Pé vermelho




Eu não tinha carro na época da faculdade. E algumas vezes achava que demorava mais esperar pelo ônibus então, andava um bocado a pé! Eu brincava que era da “turma do pé vermelho”. E gostava da caminhada porque a pé, eu sempre encontrava (e parava para espiar!) lugares que de carro, provavelmente não prestaria atenção. Mas isso já faz muito tempo...

Aí outro dia fui para Rio Preto. Sábado cedo, cheia de coisa para resolver, meu carro enguiçou. E quando o mecânico adiantou que eu ficaria o final de semana todo a pé, moço... Eu confesso que fiquei bem brava. Saí de lá remoendo o que ia ficar para depois e já ia ligar para um táxi quando ouvi, na esquina, o ponteado de uma violinha. E ali, naquele boteco escondido em uma das ruas históricas da Boa Vista, tinha um violeiro me dando “bom dia”.

Entrei no boteco, tomei uma Cotuba, ouvi o resto da moda e fui embora para casa – a pé. A caminhada durou mais de uma hora. E apesar do calor (de sempre) de Rio Preto, ficar com o “pé vermelho” naquela manhã valeu a semana inteira! Depois desse dia aprendi a deixar o carro na garagem de vez em quando. É bem verdade que eu já não tenho o mesmo “pique” da época da faculdade. Mas a cidade continua a mesma: cheia de surpresas em cada esquina para quem tem paciência para andar por aí procurando...



Publicado no jornal Boa Vista Parque em fevereiro de 2012