27 julho 2009

Enquanto o show não começa!

Na próxima sexta, 31 de julho, o Sesc de Rio Preto faz uma homenagem a Zé Fortuna com a dupla Mococa e Paraíso.

Vou estra na primeira fila para ouvir Paineira Velha. Mas enquanto o show não começa, você pode matar a saudade junto comigo:

Paineira velha fiel amiga
Nossos destinos são sempre iguais
Se estou contente você floresce
Quando eu padeço suas flores caem
Nascemos juntos paineira velha
Vamos morrer nesta união
De vossos galhos quero uma cruz
De sua madeira quero caixão


23 julho 2009

20 julho 2009

O incrível Hulk


Há quem diga que criança tem um anjo a mais. E deve ter mesmo. O meu anjo tinha até nome: Hulk. Verdade gente! Não, ele não era verde não. Mas era forte, bravo e parecia uma sombra – aonde eu ia, lá estava ele logo atrás.

O Hulk foi meu primeiro cachorro e minha primeira e única babá. Era um legítimo “tomba lata” e o melhor de todos os cachorros. Eu escolhia onde a gente ia “brincar” e pronto: nem galinha chegava ali perto. Uma vez, enquanto eu brincava distraída, ele saiu correndo e latindo para avisar minha mãe que uma cobra estava se aproximando. Foi o herói do dia e mais uma vez, meu anjo da guarda.

Como todo anjo ele tinha uma paciência ímpar comigo. Agüentava banho de areia, orelha puxada, coisa amarrada no rabo... Nem quando eu resolvia fazer o coitado do Hulk de “cama” ou “cavalinho” ele se zangava.

Mas isso faz muito tempo. Já ouvi tantas histórias contadas na família sobre o Hulk, que já não sei mais o que são lembranças e o que faz parte da minha imaginação. E todo mundo tem uma história sobre ele: meus pais, avós, tios... Porque ele era da família também entende?

Aí hoje, Dia do Amigo, deu saudade desse amigo tão querido que um dia saiu para dar uma volta e não apareceu mais. Mania de anjo né? Eu tenho prá mim que o Hulk tá por aí, pajeando outra menininha...

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Na foto, o pessoal de casa e eu, ainda de fraldas, batendo palmas para meu melhor amigo...

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Tem muito cachorro famoso por aí. Mas entre os caipiras, um é mais famoso que os outros: Pitoco. A letra de Nhô Bentico (Abílio Victor) foi eternizada por Lourenço e Lourival, e conta a emocionante história de um cachorrinho que foi mais que amigo, foi herói.

Pitoco era um cachorrinho
qu'eu ganhei do meu padrinho
numa noite de Natá
era esperto, muito ativo,
tinha dois zóio bem vivo,
sartando pra-cá, pra-lá.

Bem cedo me levantava.
Pitoco que me acordava
c'os latido, sem pará,
me fazia tanta festa,
lambia na minha testa,
quiria inté me bejá.

Nos dumingo, bem cedinho,
pegava meu bodoguinho,
os pelote no borná.
Pitoco corria na frente,
dano sarto de contente,
rolano nos capinzá.

Aquele devertimento
de grande contentamento
ia inté no sor entrá.

Era dumingo de mêis
e dia de Santa Ineis:
tinha festa no arraiá.
Minha mãe, as criançada
tudo de rôpa trocada,
na capela foi rezá;
fugino por ôtra estrada
c'o Pitoco fui caçá.

Hoje, dói minha concência,
pra morde a desobidiência.
Pitoco latia... latia,
mostrano tanta alegria,
sem nada podê cismá;
i eu tacava um pelote,
fazeno virá cambóte,
um pobre cara-cará.

Pitoco me acumpanhava;
de veis in quano sentava
e quiria adivinhá...

De repente fiquei fria
Gritei pr'a Virge Maria,
que pudia me sarvá.
Uma urutu das dorada,
num gaio dipindurada
tava pronta pra sartá!

Pitoco ficô arrepiado,
ficô c'o zóio vidrado
e deu um sarto mortá:
se cumbateu c'a serpente,
repicô tudo de dente,
mais num pôde se escapá.

Pitoco morreu latindo,
os zóio vivo, tão lindo,
foi fechano devagá;
parece qu'inté se ria
da minha patifaria
de num podê le sarvá.
E neste mundo tão oco,
unde os amigo são pôco,
despois que morreu Pitoco
nunca mais tive outro iguá!