23 abril 2011

Canarinho prisioneiro


Canarinho Prisioneiro
(Composição: Ramoncito Gomes)

Sou aquele canarinho que cantou em seu terreno
Em frente sua janela eu cantava o dia inteiro
Depois fui pra uma gaiola e me fizeram prisioneiro
Me levaram pra cidade, me trocaram por dinheiro
No porão daquele prédio era onde eu morava
Me insultavam pra cantar mas de tristeza eu não cantava
Naquele viver de preso muitas vezes imaginava
Um dia de tardezinha veio a filha do patrão
Me viu naquela tristeza e comoveu seu coração
Abriu a porta da grade me tirando da prisão
Vá-se embora canarinho, vá cantar no seu sertão
Hoje estou aqui de volta desde a alta madrugada
Anunciando o entardecer e o romper da alvorada
Sobrevoando a floresta e alegrando a minha amada
Bem feliz por ter voltado, pra minha velha morada

20 abril 2011

Um Alvarenga e três Ranchinho



Eles não eram apenas uma dupla caipira (muito boa!), eram humoristas de primeira! A história de Alvarenga e Ranchinho começou em 1929. Aliás, é bom registrar, houveram três "Ranchinho". Apesar de caipiras (espia só!), a dupla gravou o primeiro compacto, em 1936, apenas com músicas de carnaval. E foi trabalhando no Cassino da Urca, no Rio de Janeiro - onde ficaram 10 anos -, que aprimoraram o talento para a sátira política. Por conta disso, participaram de dezenas de campanhas eleitorais e mais de 30 filmes. Em 1978, com a Morte de Alvarenga, a cantoria terminou. Mas as letras e o bom humor da dupla vivem até hoje! =)

18 abril 2011

Sete mil amores

Luiza... e o pirulito


Toda vez que eu encontro a tia Eda é a mesma cena: ela abraça, beija, abraça de novo, aperta, beija mais um pouco e fala: "mas por que é que a gente ama tanto desse jeito, meu Deus?". Toda vez eu acho graça e toda vez eu fico dolorida (rs). Mas a gente fica tanto tempo longe, tanto tempo sem se ver, que esse "aperto" todo vale mesmo a pena.

Bom... aí o mês de abril nem começou e pronto: já acabou. Passou tão ligeiro que eu nem tive tempo de esticar a prosa aqui. Mas o relógio resolveu colaborar e no meio da correria eu parei um bocadinho prá brincar com a Luiza, minha sobrinha. Foi rapidinho, mas valeu a semana inteirinha longe de casa!

Depois de comer muita gelatina e inventar um castelo inteiro de massinha, comecei a me preparar para sair “de mansinho” e encarar o bico da Luiza (que além do olho "apertado", herdou de mim também a aversão em dizer “tchau”). E ali, já quase no portão, a Luiza pulou no meu colo e cochichou: “bença madrinha?”. Moço, o coração ficou pequenininho nesta hora... e quase que o “Deus te abençoe” não saiu.

Deixa eu explicar: pedir “a bênção” em casa é um negócio tão natural que a gente nem se dá conta que faz. Espia prá isso: outro dia, meu irmão fez história na família pedindo “bença” para meu pai no MSN. Meu pai achou graça, mas lá do outro lado respondeu: “Deus te abençoe”. No sítio a gente cansou de ver minha avó abençoando os filhos dos peões na fazenda. E nem sei quantas vezes por dia eu mesma pedia "bença" para ela. Mas sabe como é criança, né? A gente pedia a bênção, saia correndo e já estava na porteira quando ouvia lá longe o "Deus te abençoe". Mas aí de repente, com a Luiza ali no meu colo, esse negócio de "dar a benção" ficou sério. 

Eu cochichei de volta no ouvido dela: "Deus te abençoe" e ela já desceu correndo do colo. Tropeçou no tapete, derrubou o vaso da mãe dela que estava perto e foi ligeira para o quarto enquanto ninguém via aquela arte. E eu fiquei ali mais um pedacinho de tempo rindo e lembrando da tia Eda: "por que é que a gente ama tanto desse jeito?". Lembrei também do Jobim e foi por conta dele (que está cantando agora na minha vitrola), e da Luiza, que eu resolvi arrumar mais cinco minutos hoje prá escrever: "revelando então os sete mil amores que eu guardei somente prá te dar Luiza"... =)







♫♪ Revelando então os sete mil amores que eu guardei somente pra te dar Luiza... ♫♪