18 abril 2011

Sete mil amores

Luiza... e o pirulito


Toda vez que eu encontro a tia Eda é a mesma cena: ela abraça, beija, abraça de novo, aperta, beija mais um pouco e fala: "mas por que é que a gente ama tanto desse jeito, meu Deus?". Toda vez eu acho graça e toda vez eu fico dolorida (rs). Mas a gente fica tanto tempo longe, tanto tempo sem se ver, que esse "aperto" todo vale mesmo a pena.

Bom... aí o mês de abril nem começou e pronto: já acabou. Passou tão ligeiro que eu nem tive tempo de esticar a prosa aqui. Mas o relógio resolveu colaborar e no meio da correria eu parei um bocadinho prá brincar com a Luiza, minha sobrinha. Foi rapidinho, mas valeu a semana inteirinha longe de casa!

Depois de comer muita gelatina e inventar um castelo inteiro de massinha, comecei a me preparar para sair “de mansinho” e encarar o bico da Luiza (que além do olho "apertado", herdou de mim também a aversão em dizer “tchau”). E ali, já quase no portão, a Luiza pulou no meu colo e cochichou: “bença madrinha?”. Moço, o coração ficou pequenininho nesta hora... e quase que o “Deus te abençoe” não saiu.

Deixa eu explicar: pedir “a bênção” em casa é um negócio tão natural que a gente nem se dá conta que faz. Espia prá isso: outro dia, meu irmão fez história na família pedindo “bença” para meu pai no MSN. Meu pai achou graça, mas lá do outro lado respondeu: “Deus te abençoe”. No sítio a gente cansou de ver minha avó abençoando os filhos dos peões na fazenda. E nem sei quantas vezes por dia eu mesma pedia "bença" para ela. Mas sabe como é criança, né? A gente pedia a bênção, saia correndo e já estava na porteira quando ouvia lá longe o "Deus te abençoe". Mas aí de repente, com a Luiza ali no meu colo, esse negócio de "dar a benção" ficou sério. 

Eu cochichei de volta no ouvido dela: "Deus te abençoe" e ela já desceu correndo do colo. Tropeçou no tapete, derrubou o vaso da mãe dela que estava perto e foi ligeira para o quarto enquanto ninguém via aquela arte. E eu fiquei ali mais um pedacinho de tempo rindo e lembrando da tia Eda: "por que é que a gente ama tanto desse jeito?". Lembrei também do Jobim e foi por conta dele (que está cantando agora na minha vitrola), e da Luiza, que eu resolvi arrumar mais cinco minutos hoje prá escrever: "revelando então os sete mil amores que eu guardei somente prá te dar Luiza"... =)







♫♪ Revelando então os sete mil amores que eu guardei somente pra te dar Luiza... ♫♪

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