16 fevereiro 2007

Minha Viola


Eu tenho uma viola, que canta assim

Minha dor ela consola

Quando eu saí do meu sertão

Não tinha nada de meu

A não ser esta viola

Que foi meu pai quem me deu

E pelo mundo eu vou andando

Subo monte, desço serra

Minha viola vou tocando relembrando a minha terra

E quando a tarde vai morrendo vou pegando minha viola

Se estou triste e sofrendo ela é quem me consola

Cada nota é um gemido

Cada gemido é uma saudade

De saudade estou perdido viola, nessa eterna "solidade"

E nesse sertão dos meus amores quando me ponho a tocar

Emudecem seus cantores para nos ouvir cantar

Canta a minha alegria canta para eu não chorar

Entrarei no céu contigo quando minha hora chegar


Composição de Raul Varella Seixas, pai do “maluco beleza” Raul Seixas que gravou a canção no disco "Abre-te Sésamo" em 1980 pela CBS Discos

15 fevereiro 2007

Amarrei o tempo no poste

Tirei férias do mundo. Enquanto todo mundo corria para o litoral, lá estava eu, na pista contrária, trânsito tranqüilo, indo para – segundo alguns amigos – o meio do mato. Prá mim? O paraíso.

Desliguei o celular, esqueci que existia computador, internet, televisão... “Amarrei o tempo no poste”. Deixei meu pé respirar no chão de terra batida e voltei. Agora sim, com bateria completa para enfrentar o armário abarrotado de confusão que a gente deixa prá resolver só mesmo quando começa o tal ano novo.

Esse ano vai sobrar menos tempo para escrever – sempre sobra pouco tempo para o que a gente gosta de fazer – mas vou me esforçar. Mas hoje ainda não vou escrever, vou pegar emprestado:

“Amarro o tempo no poste para ele parar. Boto a manhã de pernas abertas para o sol. Me horizonto para os pássaros. Uma ave me sonha. O dia amanheceu aberto em mim.”

Manoel de Barros é que estava certo... Esse ano “amanheceu aberto”. É melhor começar logo, antes que eu tenha que “amarrar o tempo no poste”...