29 julho 2017

Acordes dissonando

Pouco mais de quatro anos sem escrever aqui. Verdade seja dita, tenho escrito muito sobre tudo. E pouco, quase nada, sobre esses momentos que passam ligeiro, mas abrem espaço para tantas palavras que ficam zanzando na minha cabeça, esperando a hora de ganhar o papel. E eu, que sempre reclamava da falta tempo, nem imaginava que ele ia ficar cada vez mais curto. 

Ainda me deparo, todos os dias, com pessoas e situações que renderiam um bom dedo de prosa aqui. Mas aí o relógio me cobra aqueles cinco minutos ali parada, o momento passa e eu volto para o ritmo do tic tac.

Outro dia, por exemplo, escutei essa moda aí embaixo. A gravação é de 1980 e a letra é do Rolando Boldrin. São “acordes dissonantes” com harmonia perfeita. É o que garante o Boldrin. Aí hoje, final do dia, coloquei o celular no modo avião. Deixei a voz do Ney Matogrosso me conduzir na "espiral da vida” - eu também acho que “na vida não tem coincidência”.

Mas a verdade é que os últimos dias tem sido desafinados, desarmônicos, irregulares. Não é só um acorde. É uma toada inteira dissonante que vai batendo e estropiando a gente, “destruindo o construído”. A vida pega a gente assim, “desprivinido”. E aí é preciso um esforço danado para manter a harmonia.  Tem dia que funciona. Êta nóis...