07 setembro 2006

Em terra de cego...

Saber contar uma boa história é o mínimo que se pede na minha profissão. Mas às vezes, a história é tão boa, que eu nem sei por onde começar... Essa por exemplo, que você vai ler aí em baixo, é ótima. Tanto que nem parece ser verdade. Mas é, juro! Aconteceu mesmo e quem lembrou desse “causo” foi meu pai (aí na foto), que garantiu: é verdade mesmo! Vamos fazer assim, eu conto o que aconteceu e você tira suas conclusões.

Na década de 80 morávamos em Caçu, interior de Goiás. Lá pelos idos das campanhas políticas de 1989, tínhamos um vizinho sitiante chamado Manoel Barroso. Como todo homem do campo, era conhecido por gostar de tomar uma branquinha. Mas o que chamava a atenção mesmo no seo Barroso é que ele tinha um olho de vidro. Passei boa parte da infância tentando descobrir qual dos olhos era "de mentirinha"...

Durante a campanha do município vizinho ao da nossa fazenda, após um comício de um sobrinho seu, o seo Barroso sentiu aquela vontade de tomar uma cervejinha. Apesar do dinheiro ter acabado, nosso vizinho não se deu por vencido! Seguiu com sua camionete para o boteco mais próximo e não demorou muito para encontrar um desconhecido tomando a dita cuja cerveja que ele tanto queria...

Seo Barroso encostou no balcão e ficou fazendo fita por algum tempo. De repente, começou a “morder o ar”. Imagine a cena! É claro que chamou a atenção do rapaz que tomava sossegado sua cerveja... Sem pestanejar desafiou: “quer apostar uma cerveja comigo que eu sou capaz de morder meu olho direito?”. Não é todo dia que você escuta uma proposta dessa né? E aí, dúvida daqui, briga dali, a aposta foi feita! Mais que depressa o velhaco do Barroso tirou o olho de vidro e tascou-lhe uma dentada! A cara do sujeito que perdeu a aposta foi a mesma que você deve estar fazendo agora...

Mas a história não parou por aí não! Seo Barroso – que estava com muita sede naquela noite – propôs um novo desafio: “quer apostar outra cerveja que eu mordo meu outro olho?". O desconhecido matutou: “cego dos dois olhos este danado não é! Chegou aqui guiando esta caminhonete velha...”. A curiosidade venceu e seo Barroso garantiu mais uma cerveja! Sem pensar duas vezes, meteu as mãos na boca, tirou a dentadura e crau! Com jeito de quem já tinha feito aquilo muitas vezes antes, “mordeu” o olho esquerdo.

Seo Barroso conta que nunca tomou duas cervejas tão gostosas como naquela noite... E ainda me deu de presente esse causo que de tanto passar prá frente, já virou meio folclore. Mas é verdade, garanto! Quer apostar?

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