01 outubro 2006

Viola Quebrada

Me fizeram uma cobrança séria essa semana: onde está a letra de Viola Quebrada que dá nome ao blog? Para quem não conhece, aí vai um pedacinho de Mário de Andrade, um dos maiores poetas que o Brasil já conheceu.

Quando da brisa no açoite a flor da noite se acurvou

Fui encontra com a Maróca meu amor
Eu senti n'alma um golpe duro
Quando ao muro já no escuro
Meu olhar andou buscando a cara dela e não achou

Minha viola gemeu
Meu coração estremeceu
Minha viola quebrou
Meu coração me deixou

Minha Maróca resolveu prá gosto seu me abandonar
Porque o fadista nunca sabe trabalhar
Isto é besteira pois da flor
Que brilha e cheira a noite inteira
Vem de´pois a fruta que dá gosto de saborear

Minha viola gemeu
Meu coração estremeceu
Minha viola quebrou
Meu coração me deixou

Por causa dela sou um rapaz muito capaz de trabalhar
E todos os dias todas as noites capinar
Eu sei carpir porque minh'alma está arada e loteada
Capinada com as foiçadas desta luz do seu olhar...


***Na foto, o quadro O Violeiro, de Almeida Júnior. A tela, pintada em 1899, está exposta na Pinacoteca de São Paulo

2 comentários:

  1. Linda poesia. Gostei da inspiração, mas... você é assim? Viola quebrada?

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  2. Muito bom! Gostei muito! Sempre que der vou dar uma passadinha aqui. Eu adoro Mário de Andrade, já li Macunaíma várias vezes e amo esse livro.
    Abraços

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