Quando da brisa no açoite a flor da noite se acurvou
Fui encontra com a Maróca meu amor
Eu senti n'alma um golpe duro
Quando ao muro já no escuro
Meu olhar andou buscando a cara dela e não achou
Minha viola gemeu
Meu coração estremeceu
Minha viola quebrou
Meu coração me deixou
Minha Maróca resolveu prá gosto seu me abandonar
Porque o fadista nunca sabe trabalhar
Isto é besteira pois da flor
Que brilha e cheira a noite inteira
Vem de´pois a fruta que dá gosto de saborear
Minha viola gemeu
Meu coração estremeceu
Minha viola quebrou
Meu coração me deixou
Por causa dela sou um rapaz muito capaz de trabalhar
E todos os dias todas as noites capinar
Eu sei carpir porque minh'alma está arada e loteada
Capinada com as foiçadas desta luz do seu olhar...
***Na foto, o quadro O Violeiro, de Almeida Júnior. A tela, pintada em 1899, está exposta na Pinacoteca de São Paulo
Linda poesia. Gostei da inspiração, mas... você é assim? Viola quebrada?
ResponderExcluirMuito bom! Gostei muito! Sempre que der vou dar uma passadinha aqui. Eu adoro Mário de Andrade, já li Macunaíma várias vezes e amo esse livro.
ResponderExcluirAbraços