
Dizem os antigos que encontrar vaga-lume é sinal de “bom presságio”. E matar um bichinho desse é o mesmo que espantar a felicidade de casa. Na fazenda, já escutei os peões contarem que se guardasse um vaga-lume dentro de um vidro no dia seguinte ele se transformaria em uma moeda de ouro – e claro, a gente nunca tem um vidro por perto quando precisa...
Depois da rápida visita o danado do vaga-lume foi embora. E eu ainda fiquei bastante tempo acordada lembrando que quando criança, morria de curiosidade: da onde vem a luz do vaga-lume? Aí eu cresci e como todo adulto perdi a curiosidade. Bom, aí vai a explicação científica: a luz dos vaga-lumes chama "bioluminescência". A grosso modo isso significa o seguinte: a luz é uma reação química originada no organismo. Quer saber uma coisa que quase ninguém sabe? A “lanterna” do vaga-lume é essencialmente um dispositivo de namoro...
Agora olha como é bom ser criança: as histórias são muito mais interessantes... Quer saber a que ouvia? Então escuta: o vaga-lume, que não era vaga-lume ainda, apaixonou-se por uma estrela. Gostou tanto, tanto dela, que desesperado, pediu – a qualquer um que o ouvisse: “me faz pelo menos parecido com ela”. No dia seguinte, era um vaga-lume. A gente nunca perguntou se ele e a tal estrela ficaram juntos. Já sabíamos o que nos interessava – porque o vaga-lume brilhava...
O fato é que o vaga-lume veio pela sacada, entrou na sala, espiou e foi embora. Nem deu tempo de correr atrás. Depois que ele foi embora corri na estante e achei uma música de Luiz Carlos Garcia e Zezety: Escolta de Vaga-lumes. O vaga-lume não voltou mais. Mas me ajudou a lembrar como era gostoso ser criança...
Voltando pra minha terra eu renasci
Nos anos que fiquei distante acho que morri...
(...) Eu voltei e ao passar na porteira senti o perfume
Eu fui escoltado pelos vagalumes, pois era uma linda noite de luar