12 fevereiro 2011

O mundo das pequenas coisas

Tenho em casa um baú cheio de revistas. E não é só modo de falar não... Ele está cheio mesmo! Já tentaram me convencer a jogar tudo fora ou doar para um sebo. Pode um negócio desse? Doar... Até parece!

Vez ou outra eu abro o baú e perco alguns bons minutos ali procurando uma matéria, uma referência, uma entrevista. E aí me perco... Porque uma coisa puxa outra, e outra, e outra... Ontem, por exemplo, achei sem querer uma reportagem sobre o poeta Manoel de Barros – que eu amo! Aprendi com ele o “manuelês”: um jeito simples e delicado de descrever o mundo que nos cerca.

O jornalista que escreveu a matéria se referia ao mundo do poeta como “o mundo das pequenas coisas”. Fiquei matutando sobre alguns trechos da reportagem um bocado de tempo. E foi aí que voltei a escrever. Porque nos últimos meses me faltou muita coisa – paciência, tempo, calma. Faltou dar mais carinho, mais atenção... Estas coisas que fazem parte do “mundo das pequenas coisas” e a gente não se dá conta. Passei a olhar tantas coisas grandes e me esqueci (sei lá porque...) que são justamente as pequenas que valem a pena. São elas, no final das contas, que me fazem sentar e sentir vontade de escrever.

"O cisco tem agora para mim uma importância de catedral".
Manoel de Barros

Quando eu era criança a gente só andava descalço. E corre aqui, corre ali... não tinha jeito. Uma hora topava o dedão em uma pedra ou num toco escondido na grama. Na maior parte do tempo nem parava prá ver o estrago, continuava correndo e pronto. Mas em alguns momentos doía tanto, que por mais que a vontade de correr fosse imensa, eu tinha que parar, olhar e marcar bem o caminho para não tropeçar ali de novo. Dava certo... Vamos ver se ainda funciona! =)


Prá entender melhor o “manuelês”
  • O Livro das Ignorãças, Manoel de Barros, Record
  • Poemas Rupestres, Manoel de Barros, Record
  • Livro sobre Nada, Manoel de Barros, Record


Pequenas coisas
César de Mercês e Sérgio Magrão

Trago um pedaço da noite
Junto comigo
Bebo outro gole, outra chuva
Corro perigo
Cada instante que ouço bater
Meu coração dentro de mim
Ouço as palavras do vento
Me confessar
Que desde o início dos tempos
Busca chegar
Onde possa se transformar
Numa brisa
Para transportar e guardar
O perfume das flores
Os pequenos murmúrios
Folhas tristes do outono
E o jeito do amor
Sigo no rumo da manhã
Rindo sozinho
Dos pensamentos que tenho
Com festa e vinho
O ar da noite - sopro de vida
Me lembrando
O que eu esqueço existir

4 comentários:

  1. Como sempre, doce e impecável!

    Espero que seu dedão esteja bem e que você continue por aqui.É semprre uma delícia ler o viola. Beijo!

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  2. Algumas pessoas acham que a gente tropeça, tropeça e não aprende. Mas eu acho que alguns aprendem sim. Nao é o meu caso, mas paciencia hehe Bom ver voce devolta. Aproveita e traz de volta aquela risada sabe? faz bem ver vc rindo. Triste... humhum Nao combina, definitivamente! Bj

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  3. Nossa... sou sua fã sabia??
    As coisas pequenas e mais simples, fazem toda diferença em nossa vida!! Bjoss

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  4. Aahh que bom vc voltou a escrever , vira e mexe vinha dar uma espiadinha aqui pra saber se tinha algum texto novo. É sempre gostoso ler qualquer coisa que vc escreva. e concordo com a Liury , tbm sou sua fã! haha.
    beijo.

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