01 maio 2011

Piscada

Há certas coisas sobre as quais eu não gosto de falar. Nem ouvir. O problema é que ignorar não faz as coisas simplesmente deixarem de existir. E aí, semana passada, duas pessoas que eu amava muito viajaram fora do combinado e me deixaram mesmo – literalmente – sem palavras.

Eu escrevi alguns pares de linhas sobre isso. Mas decidi não ficar me alongando muito sobre o assunto porque o que conta mesmo é que os dois, cada um ao seu jeito, vão fazer tanta falta que não há o que escrever para explicar isso.

Só resolvi mesmo postar alguma coisa porque hoje, falando com uma antiga aluna, me lembrei de um texto do Monteiro Lobato. É um trecho do livro “Memórias de Emília” que (por incrível que pareça) eu li durante a faculdade e não enquanto acreditava que o Visconde de Sabugosa existia mesmo.  

“A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama. Pisca e anda. Pisca e brinca. Pisca e estuda. Pisca e ama. Pisca e cria filhos. Pisca e geme os reumatismos. Por fim, pisca pela última vez e morre.”


Tem hora que fica custoso piscar. Mas a gente continua porque não tem outro jeito, tem? É verdade que tem semana que a piscada fica mais doída. Mas aí a gente pisca e dorme, pisca e acorda, pisca e ama, pisca e descobre que piscar é rápido demais prá perder tempo tentando entender a piscada...

Acho que é isso. Pisque daí se você concorda comigo!

"Vivo depois quando o agora chegouFechei os meus olhos e a vida piscou(Mutantes)

2 comentários:

  1. Pisquei aqui, ok?? Bjos amiga!!

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  2. Pisquei também e avistei um post bacana, muito legal Fla, parabéns mesmo.

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