24 maio 2011

Caramelo e chocolate


Quem tem criança em casa sabe que vez ou outra a gente precisa ter uma “moeda de troca”. Em casa, por exemplo, a moeda de troca era a balinha Toffee, que minha avó sempre tinha no armário. “Não comeu tudo? Fez birra prá tomar banho? Subiu na caixa d’água escondido?” Sempre existia um motivo para negociar a tal bala Toffee! =)

Mas o que matava mesmo era escolher o sabor da bala... Eram sempre dois, na maioria das vezes, caramelo e chocolate. Eu amava a de chocolate! Mas sempre ficava na dúvida entre uma e outra porque se me arrependesse, teria que esperar até o dia seguinte para escolher outra vez.

Aí eu cresci. E ainda amo a bendita bala Toffee de chocolate. E até hoje sofro um bocadinho toda vez que eu tenho que escolher entre uma coisa e outra. Parece até que eu escuto minha vó dizendo: “escolhe só uma, as duas não pode”. Esse “não pode” é que mata...

Tem uma moda do Vieira e Vieirinha que eu ouvi ainda agorinha (opa... rimou!), que conta a história do patrão que oferece uma das três filhas para o caboclo casar. E o peão responde ligeiro:

"Eu ficava pensativo sem ter o que falá
Prá mim, ai... não tem escoia! Todas elas são iguá!" 

Olha prá isso... são nada! É só escolher uma e eu aposto que o peão ia ficar pensando se não tinha feito a escolha errada. Porque escolher entre um sabor e outro é um privilégio! O diabo é ter que renunciar um deles, entendeu? Depois de grande a gente já não tem mais tempo de esperar o dia seguinte para escolher de novo. E se você escolhe a bala Toffee errada?

Fiquei matutando sobre isso agora a noite enquanto voltava prá casa. Parei num boteco e enchi o bolso de bala – todas de chocolate! A bala grudou no dente, depois no céu da boca e eu tive que fazer um monte de caretas para arrancar um pedaço dela que ficou pregado lá no cantinho... Mas moço, eita bala gostosa!

Confesso que ainda dá um frio na barriga na hora de escolher o sabor da balinha. Mas depois de escolhido, se você souber curtir cada pedacinho da bala (até aqueles que dão trabalho e ficam grudados no dente!), nem vai lembrar que a dúvida existiu antes. No final das contas, minha avó é que tinha razão: “as duas, não pode”. Se não, que graça tem? =)

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